segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

"GRANDE LIÇÃO"

  
  Tarde cândida e alegre. Passarinho cinzento pousa num galho, balouçado pelos ventos brandos.

  Olha em frente e vê uma flor em botão.

  O passarinho cinzento diz-lhe:

  - Vejo que guardas nas entranhas muita beleza e muito perfume. Observo que conduzes grandes valores. Advirto-te, antes do teu desabrochar, para o necessário e real aproveitamento da tua vida. Nada ofereças, minha flor, sem a indispensável reciprocidade. A natureza não passa de enorme máquina a refletir o espírito do comércio. Dar e receber - eis o lema.

  - A flor humilde respondeu:

 - Considero interessantes tuas palavras, contudo não posso e não devo obedecê-las. Para vir ao mundo, nada paguei; do que trago comigo, nada comprei, tudo é bênção da vida. Apenas um impulso move minhas manifestações diante do Universo: dar! dar sempre, incondicionalmente.
  
 O passarinho cinzento, decepcionado, alçou voo, tomando direção desconhecida.

  Horas depois, ele volta a descansar na mesma árvore e, vendo a flor que desbrochava efusivamente, insistiu:

  - Percebo que és mesmo ingênua, embora valiosa e útil. Tuas pétalas são graciosas... teu aroma, inebriante. Por que não pensas em oferecer, exigindo? É justo, minha amiga, que tudo a sair das nossas vidas obedeça ao sistema de troca. Não prodigalizes os recursos maravilhosos de teu ser a quantos se aproximem de ti. Pensa nas tuas necessidades pessoais.

  A flor vermelha, timidamente esclarece:
  - Sinto alegria em distribuir fraternalmente as dádivas que detenho, e nesta mesma alegria me renovo a cada momento, encontrando assim a mais sublime recompensa. 

  O passarinho cinzento, frustrado, bate asas. 

  Dias depois retorna ao ramo verde. Lembra-se da flor, buscando-a com o olhar ansioso, mas observa-a murcha, sem beleza e sem fragrância.

  Orgulhoso, monologou: eis o destino de todo aquele que só pensa em dar. E saiu voejando em busca das migalhas que constituíam o seu sustento no dia-a-dia.

 Passado mais algum tempo, o passarinho cinzento, absorto na visão das aparências, mas cansado, repousa novamente no velho galho. Subitamente recorda-se da flor bondosa. Volve o olhar em direção à sua haste e leva um susto. Percebe, para seu constrangimento, que a flor não havia propriamente desaparecido; metamorfoseara-se em belo e substancioso fruto.

 Nesse instante o passarinho cinzento, trucidado pela própria inveja, caiu morto.

         ( Autor: R. Tagore - Da obra "Notícias do Cristo - Diversos Espíritos de  ARISTON S. TELES)

Conclusão pessoal:

  A historinha narra sobre dois personagens que possuem ideias diferentes: a flor, simbolizando a bondade e a beleza e o passarinho egoísta e invejoso e na intensão de transformar os sentimentos da flor, o passarinho foi derrotado pela sua própria maneira de ser.
                                       Sônia Lúcia


Imagem do Google
-

Nenhum comentário:

Postar um comentário