Um grande monarca assumiu o poder e, depois de fazer o juramento perante o primeiro-ministro e o Conselho dos Anciãos, foi instado, como era costume naquele país, a manifestar três desejos, cujo atendimento o ajudasse a governar.
O monarca pediu:
Um inimigo declarado e sincero.
Um palácio de espelhos.
Uma choupana de cômodo e cozinha.
O inimigo sincero e declarado, o rei nomeou-o seu crítico oficial para relatar-lhe o que o povo pensava do governo.
O palácio com espelhos destinava-se às grandes recepções, para acolher os bajuladores e fazê-los todos parecerem-se uns aos outros.
A choupana de cômodo e cozinha, para servir-lhe de residência.
- Mas não é pequena demais para receber seus amigos? - Perguntou-lhe o primeiro-ministro.
- De modo nenhum - respondeu o monarca. - São dependências apertadas, mas tenho certeza de que os amigos verdadeiros jamais serão em número suficiente para não caber nelas.
(LOURENÇO DIAFÉRIA, in Folha de S. Paulo, 9 de maio de 1980)
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