Vivia um passarinho a dançar com seus próprios cantos. E assim, todos os dias, ensolarados ou não, lá estava ele cantando e bailando em círculo. Aparecendo, então, uma águia que ficou a espreitá-lo à distância. E como achara muito estranho tal comportamento, observou, observou... por longo tempo. Gostava do que via, queria chegar perto, mas sabia que iria assustá-lo. E "inteligente" como é, achou mais prudente pensar antes de se aproximar, pois achava-o interessante e queria dizer alguma coisa para aquele amiguinho dançarino de asas como ele.
Passaram-se alguns dias. E dia sim, dia não, lá estava aquela águia observando o bem-te-vi, tão pequenininho a dançar. Até que um dia o encontrou triste, o que lhe encorajou a se aproximar. Viu lágrimas nos olhos do pequeno cantor. Foi chegando mais perto até espantar o bichinho. Voltou atrás e inquiriu de longe para não assustá-lo mais: - "por que choras bem-te-vi. Em que posso ajudá-lo"? Sem obter resposta continuou: -"não fique com medo. Sou da paz, pois venho te observando desde a última primavera. Teus cantos são muito bonitos. Dom maravilhoso este que Deus deu a tua espécie"
O bem-te-vi arredondou mais seus olhos, com certa expressividade no olhar, e começou a falar com o novo amigo:
- "Sabe, eu era feliz. Até poucos dias atrás tinha a minha família, morávamos todos juntos, mas só eu tive meu dom duplicado: cantar e dançar. Porém chegaram uns homens maus e atearam fogo nas árvores de quase toda a floresta. Minha casa não escapou do ataque, só eu sobrevivi porque apanhava gravetos longe dali para os meus filhotes. Desde então, não sei mais cantar... chuif"...
- "Amigo, de nada adianta ficar revoltado, pois não tens mais como recuperar a tua família. Mas deves viver o teu luto com resignação, dando-se um tempo, embora não viva só para ele. Dê sequência a sua vida que por si só, já é muito curta. Pensa que um dia, em breve, estarás entre os que foram tua família aqui".
E continuou: - "Se concordares, te levarei para um lugar onde os solitários ficam por um período, até se ajustarem emocional e fisicamente à sua nova vida".
E com a ajuda de D. Águia e de amigos diversos, certo tempo depois, estava refeito, já tendo feito amizades e nova família. Nosso animalzinho voltou novamente a cantar e dançar como antes.
Moral da estória:
O tempo consegue consertar todos os desacertos da vida, desde que saibamos respeitá-lo, esperando com paciência o momento certo.
Aut.: Sônia Lúcia
Obs.: À autora todos os direitos.
Imagem do Google, apenas com finalidade ilustrativa.
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