Aconteceu em uma cidade pequena do
interior...
Era um cão e uma gata
vizinhos que viviam aos turros. Freddy era um vira-lata franzino, metido a
valente por ter ares de Pittibul. - Se achava... pensa?! Criado desde muito pequenino por D. Frederica, que colocou-lhe um nome que parecesse com o
dela. Conforme dizia, tinha origem estrangeira (e cada vez citava ter nascido
em um país diferente).
Muito amiga da vizinha ao
lado de sua casa, D. Frederica incentivou D. Maria, a fazer o mesmo, ou
seja, colocar o nome de Meyre em sua enorme gata, uma sapeca, que quase
dobrava ao peso do cão quando se aborrecia. Era teimosa como o quê e,
detestava o Freddy, ambos só se uniam na boa, em dia de vacina dos
animais. Quando pela cerca do quintal que os separava, parecia conversarem nas
vésperas da vacina. Afora este dia, brigavam como cão e gato conforme a
velha tradição brasileira.
De segunda a sexta feira,
após a sesta do almoço, as duas amigas sentavam-se cada uma em seu quintal
próximo à cerca, tecendo crochê, e os bichinhos ali estavam também
se agredindo um ao outro, fazendo com que, cada uma por sua vez interrompesse o trabalho para tirar os brigões de cena. Nos finais de semana, pela manhã iam à
feira juntas, e a noite, à igreja da qual eram devotas.
Os filhotes? Ah! Estes já
eram disciplinados pelas donas , a ficarem em seus cantos, descansando da
semana agitada que tiveram.
Certa noite, quando todos se
recolhiam em suas casas para dormirem, ouviram um barulho... Gritos pedindo
socorro!!! Eram rumores de pessoas correndo atrás de ladrões que acabaram
de assaltar alguém na outra rua.
Orelhas a postos, Freddy observava e já
começava a entender que precisava reagir perante o que acontecia, já que,
naquele quarteirão ele era o único cachorro acasalado. Mas o que surpreendia D.
Maria era sua gatona, a Meyre. Ao invés de medo, estava toda ouriçada e olhos
esbugalhados, pronta para o ataque que a ela não competia... Perseguidos pelos
moradores, os vilões, sem querer, largaram suas armas (facões e paus). Um
deles, invadiu por uma janela entreaberta, a casa de D. Frederica e o outro
pulou a cerca e se escondeu em uns arbustos do quintal de D Maria, e os
bichinhos endoidavam! O magrelinho, sem dó, abocanhou o calcanhar de um cara,
louro e magro que nem ele, deixando-o no chão, gritando de dor! Ao lado, a
gatona avançou sobre o comparsa, arranhando-o todo! Já tendo sido acionada, a
polícia chegou, silenciosa, mas o barulho de Freddy e Meyre e os gritos de dor
dos larápios indicavam os lugares onde estavam. Sem esforço algum, os policiais
os prenderam, levando-os algemados à delegacia.
Paparicados por toda a
vizinhança, no dia seguinte, o delegado foi conhecer os valentões que foram
condecorados, juntamente com suas donas.
Mais felizes que antes, pela união que se estabelecera naquela comunidade,
passaram a viver todos ali, uma vez que a felicidade é um sentimento contagioso
quando as partes se conectam com afinidade, sinceridade e amor.
Postado pela
autora: Sônia
Lúcia
Obs:
Todos os Direitos reservados à autora.
Imagem do Google.