sábado, 26 de março de 2016

A HISTÓRIA DE LUCAS




 LUCAS, 12 anos, menino sapeca, arteiro como ele só. vivia planejando atos que a todos desagradava.  Morava num bairro da periferia de uma pequena e simples cidade do interior, com uma tia-avó e o tio-avô de quem recebia ralhos todos os dias. Tinha rosto inocente, sorriso sarcástico, cabelinho quase sempre em desalinho, olhos graúdos espantados da cor da noite.

 Sr. Josemiro Assunção, vulgo Mirinho, o chamavam assim por ser escuro e baixinho, juntamente com D, Maria criavam o sobrinho-neto, desde que todos os outros da família, partiram para o outro mundo por serem acometidos de doença contagiosa, de uma só vez. Escapando apenas os três por misericórdia Divina, contas a resgatar neste mundo ou por terem o "corpo fechado", o que era dito pelos demais.
  Entre outros comerciantes, o merceeiro da vila onde residiam já prometera uma surra "daquelas" na próxima vez que o Lucas bulisse em suas mercadorias. Mas o menino não era temente a ninguém e se embrenhava por dias, sempre que aprontava algo de errado. Dele, nem os animais do lugar escapavam, fugindo sempre que o viam. Eram cães, gatos, galinhas com seus pintinhos, todos enfim, logo procuravam um esconderijo ao enxergarem o moleque. Mas como nada dura pra sempre, os garotos que moravam próximo de sua casa resolveram dar-lhe uma "lição" e para tal , foram até o pároco após a Missa do domingo, ocasião em que Lucas havia preparado uma cilada pra eles numa curva da rua, onde alegres eles passariam. E com uma bomba caseira dentro de uma lata  e esta dentro de uma grande caixa de madeira, ali estava sua armadilha. Aguardou escondido suas presas. Ao ouvir passos e vozes, ateou fogo e saiu correndo dali. O estrondo foi tamanho, voando pau pra todo lado e também o fogaréu que o menorzinho deles até desmaiou de susto e os outros, de tanto medo, buscaram ajuda, quando todos iam à Igreja. Toda sorte que ninguém se machucou.  
 Ao final da Missa, assentaram-se no grande banco da Paróquia: o Padre, os meninos maiores em número de 6 e alguns pais. Resolveram dar idéias para castigar o garoto.
  - Como? Perguntaram alguns. 
  - Vamos pensar e sugerir. Respondeu o mais velho. Até que o mais novinho deles, com muita propriedade, colocou seu plano ali:
 - Na aula de religião a professora falou que devemos dar o desprezo a quem se comporta muito mal com a gente!
 - Muito bem! Falou um pai.
 - Vamos ignorá-lo! Começando pelos cumprimentos diários,
 - Na escola também não entra! Dissera outro deles.
 E assim fizeram após avisar seus responsáveis e professoras.
 Passaram-se 2 semanas. Lucas não tinha mais com quem falar, pois ninguém lhe dava o mínimo de atenção. Tornou-se triste. Pensando até ter morrido, tão grande fora o desprezo de todos. Sem mais aguentar, procurou guarida aos prantos, com sua madrinha na cidade vizinha. Sabedora da história, esta o recebeu e aproveitou para o aconselhamento. Após uma tarde inteira de conversa, Lucas prometeu ocupar-se mais do estudo e de outras coisas boas evitando assim aprontar... tão infeliz lhe deixara o castigo. 
  E com a mudança, aos poucos foram-se a ele chegando, até que dentro de um mês tudo se normalizou. Recebeu como prêmio uma linda festa de aniversário-surpresa, com direito a muita comida e doces, uma banda fora também contratada pelos tios-avós e muitos presentes dos amigos.
E no meio da festa, modificado e como um adulto, dizia uma simples frase que já ouvira falar pela professora: 
 -"Como é bom ser bom". Por isso preciso ser bom em definitivo! Ao que todos concordavam aplaudindo, ao som do "Parabéns pra você"!
  E com a cidade calma, nunca mais se ouvira falar de mau comportamento do antigo garoto peralta chamado Lucas.

                                        Aut.: Sônia Lúcia

Imagem do Google


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